segunda-feira, junho 23, 2008

uma boa forma de perder contra a alemanha…


este post já vem atrasado, da semana passada, quinta-feira, 19:45 e tem muito pouco a ver com futebol

as previsões diziam que o jogo não seria visto, haveria um jantar institucional numa língua estrangeira, num restaurante onde só se é adepto em casa, vinho tinto mais caro do que alguma vez bebi, tudo muito bom mas não num dia que portugal pára... também se pára no canto mais ocidental do país mais ocidental da europa…

quis o dia que afinal a sina seria outra, ficou tudo resolvido mais cedo e a noite estava aberta a convívio, o local seria o do costume, um restaurante de pescadores alcunhado de “tasco” (tem um nome mais pomposo… mas isso agora não interessa) é um sítio daqueles fora da jurisdição da asae, sem preços certos, sem ementa, com um rafeiro de dente partido a rondar debaixo da mesa e onde toda a gente sabe o teu nome...


lá, come-se muito bom peixe, melhor que os melhores restaurantes das redondezas, sempre fresco, afinal e um restaurante de pescadores onde levam o que calha na cana, sem muitos artifícios apenas carvão e mãos apurado, os preços são a olho e as doses não tem fim…tão depressa se come safio como no dia seguinte o mar traz lagosta…

o jogo começou entre minis e caracóis e ânimos a alternar, gritava-se para a televisão “a espanhola rebentou-te todo…”, “brancos do caralho…”, “então o branco foi-se meter mesmo à frente da bola...”, "estas pandeleiras... toca-se nelas e caem logo para o chão..."

nesta altura os caracóis já eram comidos de cor e as minis vinham umas atrás das outras

lá dentro não se fuma, para se fumar é preciso sair para a zona nova de toldo própria para fumadores e apontar o olho entre a televisão e uma janela, toda a gente em fila, concentradíssima…

no intervalo contaram-me uma história do mítico 5-3 sporting-benfica, «aqui toda a gente é do benfica, eu sou o único do sporting… quando eles marcaram o primeiro golo, vim logo cá para fora fumar, para ver se a sorte mudava… quando marcaram o segundo golo, nem comemoraram, apenas olharam todos cá para fora para ver a minha reacção…
fui-me embora, tenho sempre duas canas de pesca no carro, fui pescar, apanhei uma tainha (as de mar são muito boas) e telefonam-me “marcas-te um golo… epá marcaste outro mesmo agora”, larguei as canas e ia voltar para o tasco enquanto ouvia o relato no carro, de repente, marcam outro e outro e outro… voltei para trás contente e ainda tinha 2 peixes nas canas que tinha deixado… era bom que este jogo fosse assim…»

nesta altura chega o apanhador de caracóis, o mais ferrenho de toda a gente…

nesta altura reparo em algumas pessoas a rir e a piropar de vez em quando “estás tão sexy…”, “ estás tão sexy…”, sempre respondido com um punho fechado…

reparo no porquê da risota... alguém tinha feito uma montagem da cara do dito cujo com um corpo de uma mulher de perna aberta, toda arreganhada… ele olha e parte-se a rir…


depois de 2 travessas fartas de caracóis começa a chegar a carne, alguém depressa diz “ele não come carne”, “não se preocupem que eu trato bem dele”, não fui a tempo de dizer que já estava a abarrotar…, na terceira travessa ainda disse, não se preocupe, não é preciso trazer mais nada… "não se preocupe, eu trato de sí..." espetam-me à frente uma mista de peixe cozido… todo muito bom e eu todo muito cheio… mas não me podia fazer de menino… lá tinha que comer....

nesta altura o jogo já estava perdido… e havia indignação, daquela que dá para mandar uns murros na mesa e que da para rir com o ridículo… os últimos minutos valeram por uma parte inteira, toda a concentração focava o verde da televisão a transpirar o eterno sentimento português… tá quase, tá quase… tá quase… vai… vai… vai… épa foda-se já acabou…

tanto dinheiro gasto em bandeiras para esta merda…

o jantar acabou no apito final do jogo, quem me levou ainda tinha uma reunião a assistir, eu ficava por minhas conta…

então quando custam os caracóis?
epá pergunta ali a ele, ele é que os apanhou (estavam a falar do senhor da cara no corpo de mulher, o mais inconsolado de todos, olhos no vazio e a cabeça a abanar em ritmo certo para um lado e para outro)
então… quando queres pelos caracóis…?
diz lá quanto queres…?

epá… vai-te mas é embora… quero lá saber dos caracóis… perdemos…

fico sozinho a acabar a cerveja e a pedir o café…

pergunto quanto devo?

não se preocupe… o engenheiro faz contas comigo amanhã…

foi uma boa forma de perder contra a Alemanha…

6 comentários:

Anónimo disse...

As 2 histórias vão na parte 8, a caminho da 9ªa parte - já estão quase!! =)

Podes ver como estão:
http://jasmimdomeuquintal.blogspot.com/2008/06/importncia-de-se-chamar-abel.html

http://rosa-rosae-rosarum.blogspot.com/2008/06/desafio.html

M. disse...

Epá... três travessas de caracóis? És o meu herói!

:P

indigente andrajoso disse...

epa...
eramos 5...

hehehe

as travessas e que eram grandes

Anónimo disse...

Então agora os caracóis não são carne????

Joao Pedro Cavaco disse...

ve la por azar, o peixe qe comeste não era do outro sportinguista...:P

Mike Monteiro disse...

Essa foto trouxe-me umas boas memórias! Faz uns 8 anos estava ali numa tenda montada no Marquês de Pombal pela Vodafone/Telecel dedicada à musica electrónica quando esse senhor da pic, depois do seu set, aparece ao meu lado a pedir um prego ao balcão.. e eu miudo até me engasguei.