terça-feira, outubro 03, 2006

melting pot



No livro a dimensão oculta o antropólogo Edward T. Hall fala sobre a quantidade de espaço físico, social e cultural e a forma como temos percepção dele, definindo assim este termo como “proxémica”

É estudado a régua invisível em que medimos o que esta a nossa volta, tanto o espaço como as pessoas.

Por exemplo qual a distancia mínima de proximidade com um desconhecido? Pode variar numa praia, num concerto, no metro ou numa rua. Como ocupam as pessoas um espaço vazio como por o de uma praça? Como podem fazer os japoneses a separação e protecção da sua intimidade quanto tem paredes de papel? Como podem os holandeses ter as janelas escancaradas para a rua e em Portugal isso ser inconcebível?

Para alem de todas as questões culturais que separam a noção de espaço pessoal entre as diversas culturas, há uma secção do livro que fala de experiências com ratos onde facilmente se pode transportar alguns comportamentos para os seus primos mamíferos humanos.

Há uma experiência em que se coloca uma população de ratos num determinado espaço sub-dimensionado e vê-se o seu comportamento. Começam-se a formar grupos, os indivíduos começam a ter comportamentos desviantes, acontecem mortes, matam, auto-mutilam-se, dominam, começa o caos social.

No admirável mundo novo que é os estados unidos da américa onde existe um mundo orwelliano em que 1984 é uma realidade já com alguns anos, a liberdade é paga com barras invisível de ferro numa cela cada vez mais pequena, em que séculos de opressão silenciosa moldam as mentalidades e distorcem as próprias noções básicas que defendem como é o exemplo da democracia.

Algo de estranho se passa, ao vermos as noticias e as estatísticas vemos um número alarmante de crimes, cada vez mais as pessoas se “passam” e desatam a matar os seus semelhantes.

Será este o preço da liberdade que eles tanto defendem?

Já fizeram merda no seu país e estão constantemente a desafiar e insultar a inteligência do resto do mundo impingindo as suas ideias big brotherianas de domínio do mundo através do medo e do jogo de interesses próprios numa espécie de sobrevivência esquizofrénica em que só se tem liberdade quando se controla tudo e todos.

E nós estamos a deixar que isso aconteça.

Tive um professor de sociologia que numa aula nos perguntava algo assim: “sentem-se mais seguros com câmaras nas ruas? E se eu quiser partir uma montra com uma pedra? Esta errado? Sim está, mas se eu realmente quiser partir a montra? Posso parti-la? Acarreto as consequências de um acto punível na sociedade que me encontro, se não gosto das suas regras posso sempre tentar altera-las, contorna-las ou mudar de sociedade.
Agora, se tiver uma câmara, irei ter vontade de partir a montra sabendo que vou ser imediatamente reconhecido? A questão não é se posso ou não partir a montra, a questão não é a de eu não partir a montra porque vou ser apanhado, a questão é que eu não deveria querer partir a montra, não deveria querer partir a montra porque conheço as regras, porque aceito as regras, em vez de ser oprimido por elas e de elas me serem incutidas, eu posso escolher e de escolhas certas se constrói a harmonia social”

5 comentários:

Lis disse...

Tudo se resume à liberdade com responsabilidade. Leste o texto?

indigente andrajoso disse...

claro que tudo se resume a isso, mas não é isso que esta a acontecer...

qual texto?

Lis disse...

Não disse que estava a acontecer, disse que o objectivo é esse...daí as câmaras, uma sociedade cada vez mais regrada, um lei a cada hora...e mesmo assim, ou por causa disso(falta saber) o desrespeito pelo outro, pelo que é do outro e de todos. Caminhamos para o caos sem querer parecer alarmista ou paranóica, é o que sinto.

O texto que está no blog do Intruso.O meu e que o Intruso ilustrou.

Bloody Mary disse...

É assim mesmo, gostei das observações finais do teu post! É verdade, tem a ver com o que eu estudei como liberdade no seu verdadeiro sentido, na qual o indivíduo é responsavel! Não faz tudo o que lhe dá na cabeça mas quase, desde que isso não invada o espaço dos outros... o que é o espaço dos outros?
Divagação mor... será que é por estarmos superpovoados???
Já moramos em pequenas caixas de fosforos e parece que gostamos, perdemos contacto com as nossas raízes animais, não sentimos assim tt vezes o vento na cara, o cheiro a terra molhada, o sabor a sal do mar... enfim! Tudo tem um preço!!!

indigente andrajoso disse...

é verdade, mas ha uma coisa ainda, o que se esta a passar actualmente não se pode chamar de liberdade responsavel, mas sim liberdade coerciva, ou seja, nao partimos a montra porque compreendemos que nao devemos partir, não partimos porque nao nos deixam partir.

é quando eramos mais putos não comer uma barra inteira de chocolate porque percebemos que ficamos sem apetite para o jantar, ou porque a nossa mãe nos chegava a roupa ao pelo...

compreensão vs repressão

este conceito altera tudo, é a diferença entre por exemplo ter policias para controlar ou policias para demover, etc,etc,

é que isto muda tudo e faz com que de vez em quando á assim umas situações xatas que é andarem todos aos tiros, simplesmente porque sim...

quando eu digo nós é assim num sentido glogal, porque ca na ponta da europa ainda não temnos muitos arbustos...