segunda-feira, fevereiro 26, 2007

lisboa tem cheiro de oliveiras e de mar...

sábado é um bom dia para se acordar sem horas, para recuperar o corpo da semana e comer algo num qualquer miradouro à beira da Lisboa que habita à beira do Tejo…

feito o ritual, sento-me na mota, fecho os olhos e ir (só quem pode fechar os olhos numa mota sabe do que estou a falar), ir e ir mais um pouco… chego a uma praia, um Meco sem gente…

é a primeira vez que piso areia este ano

levo-me a mim, uma cerveja comprada pelo caminho e um saco de alimento para a alma, levo bach e al berto como se precisasse de mais alguma coisa do que aquele lugar

escolhi um pequeno monte na areia, quando se deixa de ver o movimento a rondar as casas do peixe, no sitio onde o mar fica mais revolto, e revolto que estava, sentei-me no preciso eixo entre o sol que se põe e a leve brisa húmida do rebentar das ondas

fiz um cigarro e esperei por nada, apenas ficar

posto de lado o alimento dos outros faço o meu, a maquina horizontal dispara apenas 3 vezes, as suficientes

não era preciso mais musica naquele lugar

os sítios quando são nossos passam a ser lugar

fixo o olhar no transumante movimento do ir voltar do mar e fecho os olhos para ouvir o crepitar do também transumante sol ao tocar no horizonte o mar, a lua em cima toma o seu vez, prana

de cabeça vazio ou cheia daquele lugar sinto um travo semi-doce de saudade

a garrafa fica vazia e o mar desfaz a areia, fica apenas noite e eu tenho que regressar

domingo tarde mais uma vez

procuro outra praia, outro sitio para sentar… escolho a praia monólito cor de areia em Belém

levo-me a mim, uma cerveja comprada pelo caminho e o mesmo saco de alimento para a alma, procuro um sitio para sentar, lembrava-me que ali o melhor sitio para se sentar era sobre uma oliveira e sabia que havia uma com a antopometria certa das minhas costas, não me lembro de qual

jardim cheio de vida, crianças e seus guardas a tirar fotografias a ser crianças, as oliveiras todas ocupadas e o sol a desaparecer, há também uma escultura a servir simultaneamente de escorrega, cenário e curiosidade, sina da arte pública, afinal as crianças estão também a tirar fotografias a ser crianças

procuro um pequeno monte, empoleiro-me sobre a estrada e no movimento ondulante dos carros e no repetido comboio de sete em sete carros, como no mar

não preciso de me lembrar que agora é cidade e que música faz parte dela, escolho Carlos bica, a primeira que sai no shuffle do ipod believer é apropriada, tal como todas as outras que se seguem… o volume não fica muito alto para não me perder de onde estou, bebo mais um gole e o barulho do rio de carros transforma-se no embalar do mar



carlos bica & azul - believer

acendo o livro nas minhas mãos, deixo-me levar entre o profeta (a segunda do shuffle) e o anjo mudo, não sei se fico à espera que o céu se faça escuro ou que se acendam os amarelos sois da estrada, não interessa

as crianças são levadas lentamente pelos guardas, finalmente já poderia procurar a oliveira, mas para quê arrefecer o meu lugar? O sol já se tinha posto

a garrafa fica vazia, fica apenas noite e eu tenho que regressar

lisboa tem cheiro de oliveiras e de mar

11 comentários:

Anónimo disse...

que belo fim-de-semana!

Preciouzzz disse...

que cheiro...

expatriada disse...

adorei a descricao.... fez com q sentisse saudades desse cheiro de oliveira... desse mar... dessa brisa e desse chao cor de areia!

indigente andrajoso disse...

Renasci e cresci com este doce cheiro de mar velho.

penso que vale a pena recordar isto, vejam lá...

http://indigenteandrajoso.blogspot.com/2005/01/lisboa.html#comments

Anónimo disse...

fizeste-me sentir muitas saudades do mar, mas para mim este só é verdadeiramente Grande em Viana. É aqui que fica o meu doce imaginário bucólico. beijinhos

Sara disse...

Obrigada pela visita, Indigente! Volta sempre. =)
Por aqui não há mar, mas há serra. E que Serra!

P.S.: fico sempre feliz ao saber que os meus comentadores têm 20 dedos e 2 olhos.

Maria Strüder disse...

Nunca te disse mas acho este teu blog um mimo.

MMQ disse...

o teu post é sinonimo de descanso... nao me lembro do meu último fim de semana assim. passei o fim de semana fechado em casa e nao me sinto descansado.

indigente andrajoso disse...

normajean, o cheiro daqui é diferente...

maria, isso depois passa... ;)

sara, lisboa tambem é serra, 7 colinas lindas...

mmq, há varios tipos de descanço e o sofá tambem deixa ressaca...

;)

M de M disse...

Preciso dum fim-de-semana assim há muito tempo....pena que logo neste eu não estivesse por aqui...muita pena mesmo...

indigente andrajoso disse...

ainda nao gastei a primavera do meu tempo...