sexta-feira, outubro 26, 2007

será mesmo a arte refém da sua contemporaneidade?


a maior parte das pessoas olha para a arte contemporânea com uma palmadinha nas costas, não percebe, não quer saber, pensa "à e tal, não é para perceber", " à e tal... é artista"..., dá palmadinhas nas costas para lamber lhe lamber o rabinho ou para lhe mandar para o caralhinho..., isto é, ou venera ou despresa e muitas vezes o acto é o mesmo...

é normal ir-se a exposições, carissimas, ver peças, carissimas, em que metade das pessoas até compra as peças, carissimas, sabe-se lá porquê... três quartos nem sabe o que está para ali a fazer...

talvez por isso seja preciso disparar murros no estomago para ver se alguem abre os olhos

anda meio mundo chocado por um artista ter morto um cão numa exposição, pessoalmente acho a peça mediocre, genial na sua ideia, triste na sua concepção

a coisa é demasiado simples, retira-se um cão moribundo da rua e coloca-se numa exposição, o bicho morre e somos todos chamados de hipócritas...

anda meio mundo chocado por um artista ter morto um cão numa exposição, e anda meio mundo a deixar morrer pessoas e animais na rua...

objectivo logrado, peça eficaz, artista anónimo falado em todo o mundo, discussão social sobre a génese da arte contemporânea, da sua legitimidade e limites, etc, etc

e a peça em sí? só isto? era absolutamente necessário ser assim? penso que não, a mim que não percebo nada disto, parece demasiado simples, não... simplista...fácil e confortável, sem mais sumo do que o acto em sí

prefiro a arte política a sério... prefiro arte que não seja apenas o reflexo mediocre da realidade, prefiro arte que não seja mera chamada de atenção, mera figura publica que tem que fazer escandalos para reparar em sí... mera falsa moralidade

cheira a falsidade, arrogância e mediocridade intelectual...

e agora? que vamos fazer? a carapuça serve-nos? somos mesmo assim tão hipocritas? ficamos horrorizados porque um cão doente que ia morrer na rua por não o ajudarmos foi morrer numa galeria? e o resto? e os bichos que morrem para que possam ir ao restaurante? ou ir de férias? ou vestir sapatos e malas chanel?

a mim parece que serve... e só lhe estamos a dar razão

se calhar merecemos mesmo o dedo preconceituoso o amoral artista moralista apontado ao nosso peito... mas isso é outra história

e quais os limites desta coisa esquisita que é a arte?


joseph beuys fechou-se durante 3 dias numa galeria com um coiote selvagem, ambos sobreviveram...

...mais tarde damien hirst serra e conserva animais inteiros em aquarios etilicos, hoje é o artista mais caro do mundo...

pelo meio houve muito mais coisas... enfim... isto dava para divagar mais, mas vai ter que ficar por aqui...


só mais uma coisa, os lobos de cai guo-qiang não são verdadeiros e a peça e muito interessante...


agora a especulação, mais tarde a galeria diz que o cão não morreu, que fugiu, o artista diz que a ideia era mesmo ele morrer... agora a especulação... objectivo logrado... ler mais na barriga de um arquitecto

5 comentários:

ZEP disse...

soube disso ontem. odiei a ideia.
é claro que "se deixa morrer" muitos animais e pessoas na rua por falta de atenção ou interesse nas suas situações particulares, mas não estão expostas nem presas para se assistir à sua agonia. Achei desumano e esse homem devia ter sido preso e deixado a definhar de fome num sítio público a ver seele gostava dessa "arte".

indigente andrajoso disse...

tambem há...

http://indigenteandrajoso.blogspot.com/2005/07/sacrificio-e-ressurreio-de-david.html

Anónimo disse...

"anda meio mundo chocado por um artista ter morto um cão numa exposição, e anda meio mundo a deixar morrer pessoas e animais na rua..."

sim, anda meio mundo a deixar morrer pessoas e animais na rua. Mas no meio disso tudo onde fica a liberdade?

Que direito tem o suposto artista de privar o animal da sua liberdade? E esse conceito não vale?

Porque raios tem ele (o artista) a legitimidade de ser o algoz desse animal? Que direito lhe confere isso?

ZEP disse...

fui ver o post sobre o david nebreda. a diferença é que ele voluntariou-se para passar essa provação de lá sair um trabalho ou uma experiência.

Não foi tirado da rua e preso para morrer de fome publicamente como este animal

Anónimo disse...

"anda meio mundo chocado por um artista ter morto um cão numa exposição, e anda meio mundo a deixar morrer pessoas e animais na rua..."

É verdade, lá está a hipocrisia, até aí, concordo, mas... pq pegou nele no animal indefeso?? poderia colocar-se ele lá em vez do cão, como já alguém o disse e disse mt bem.