quarta-feira, janeiro 16, 2008

mais um sonho com escadas...




o início era calmo, apenas deambulações e pequenos encontros de ruas familiares de uma cidade desconhecida.

faço-me acompanhar por um amigo de longa data que acabara de conhecer, dirigimo-nos agora para um café… o café fui eu que o fiz, mas noutro sítio, com outra gente, com outras cores e com outra escala…

o recente amigo de longa data, desportista ao que parece, troca uma noite de descanso por uma jam-session à desgarrada, parece tudo Alfama…

sento-me no chão ao lado de uma grávida, o fumo não chega tão a baixo…

a música é incompreensível e no entanto toda a gente a sente, é música de sentimentos em vez de sons embora o que estejamos a ouvir sejam sons… o meu amigo escorre pela cara água salgada de emoção…

pausa para a recuperação e muda de roupa, sai-se para a rua e já é noite em pleno…

decido ir dar uma volta pela rua… encontro-me num chiado feito cidade feita altura, Alfama íngreme de pequenos terraços cheios de vida, esplanadas e gente sem pressa, crianças a brincar por todo o lado e muita luz…

não sei bem porquê fiquei de repente incumbido de recuperar uma pequena bola saltitona de borracha verde fluorescente que descia terraço a terraço até ao mar… toda a minha corrida eram escadas…

a bola misturava-se nas gentes, afundava-se nas sarjetas e saia do outro lado… pára e senta-se ao lado de uma outra rosa, lá em baixo… espera aí por mim…

a única forma de lá chegar é contornando um quarteirão, direita, depois direita, depois direita… fico preso na cara enorme de um edifício escada com lojas escondidas em cada degrau, cada degrau maior que eu… e as pessoas ágeis, conhecedoras daquela topografia, sobem e descem como se a direito andassem… contorno a custo à direita e consigo descer um degrau… encontro um vazio no sítio do que terá sido uma porta, entro, entro na casa abandonada de alguém…

assusto e sou assustado por uma centenária à muito abandonada numa cama, levanta-se e todo o piso é desequilibrado pelos nossos passos, tento explicar que pensava que a casa estava desabitada e que procurava apenas uma forma de descer… não acredita… apenas acredita quando me preparo para ir embora… espero mais um pouco… corta batatas e fala da sua solidão…

tenho mesmo que ir e prometo voltar, deixo 3 notas na sua mão fria para que o almoço tenha conduto, agradeço as indicações e saio…

a escada está ali ao fundo, o caminho é escuridão, cada degrau é feito de memória… acordo…

mais um sonho com escadas…

2 comentários:

ZEP disse...

como consegues lembrar dos sonhos???
nunca me lembro de nada!
ou então esqueço muito rapidamente

indigente andrajoso disse...

há noites que me lembro de tudo...