domingo, novembro 28, 2004

Acordar

Penso que ja se tornou num lugar comum o carácter "depressivo" da maior parte dos blogues que por ai andam, pelo menos dos poucos que tenho visto.
Não que eu aprecie muito a democracia, mas tambem vou contribuir para esta estatistica.

Será que estamos condenados á infelicidade?
Tudo á nossa volta aponta o nosso caminho e as nossas vontades para a direcção que de querer e querer sempre mais. De querer comprar, de querer parecer, de querer ter, de querer estar, de querer etc.

Penso que e natural que assim seja, provocam-nos necessidades e nós agradecemos. Queremos e ainda por cima chegamos a ter. O problema esta aqui, quando se deixa de poder ter, ou quando a vontade força a possibilidade.

Que raio de conversa subversiva para dizer muito pouco.

Este bicho vivo da sociedade faz-nos assim, porque nós a fizemos a ela. Nós (eu em particular)somos assim, incompletos, insaciaveis, indisciplinados, insatisfeitos, inconformados e mais uma série de palavras menos bonitas começadas em in e acabadas em os.

Pior que andar sem rumo é andar perdido.

Acordo, bocejo, arrepio-me com a espreguiçadela, levanto-me e rotino.
Tenho vontades, desejos, necessidades, anseios, insatisfações e problemas varios.
Não ando perdido.
Quero andar sem rumo.
Não é pior nem melhor que ter porto para atracar, é apenas uma outra forma de navegar.

Fecho os olhos, respiro fundo ao cheiro de um cigarro, o coração salta eu fico.
Fecho os olhos com mais força, a respiração espasmo soluça, o coração volta a entrar.
As lagrimas fazem cristais no dia a seguir e a cabeça ainda nao está lavada.
Estou farto de nao gostar das minhas coisas.
Estou farto de sentir o olhar da revolta por cima do meu ombro.
Estou farto de nao ser feliz quando tenho tudo para o ser.
Estou farto e aflito.
Estou aflito.

Mas o dia continua a ser acordado com cristais, e mesmo assim ele tem que começar, nascer, estar e pôr. Há sempre um amanha, mesmo que a vida acabe hoje, que pode acontecer a qualquer segundo.
Paz


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