como peixe fora do aquário...

terceira parte do auto-retrato 2003 de joão manso
primeira e segunda parte aqui

este ano tem sido de turbulência e esta primavera de destroços… ás vezes sinto-me como um peixe fora de água….

com os últimos acontecimentos dei por mim a pensar e a colocar tudo em causa, família, amigos, trabalho, vida e “eu” mesmo, a definição do que sou, o resultado desta equação em que entra educação e a incógnita que nos faz ser únicos, pus isso em causa…

não sou de andar a vagueara o pensamento com “ses” mas a verdade é que dei por mim a fazer isso, “e se…”, “e se…”, e se nada, de que vale andar a imaginar diferentes realidades, infinitas possibilidades do que já passou? No final não altera nada, apenas fica na boca um amargo sabor a rancor e um vestido de pena…

há anos, aquando da perda de 20 quilos, perguntei a uma amiga recuperada como se diagnosticavam as doenças da tristeza, não me soube responder, fez-me uma metáfora…

os acontecimentos na nossa vida são como ondas numa praia, umas mais fortes, umas mais fracas, ás vezes revoltosas, as vezes flates, ás vezes, quando temos ondas fortes umas a seguir ás outras vamos enfrentando, apanhamos uma, mergulhamos na outra, mais uma, etc., ficamos cansados… até que há uma onda que nos vira, afunda, vamos ao de cima respiramos e aparece logo outra a empurrar para baixo, nesta altura ficamos para trás, sem conseguir nadar, respirar, saber onde fica o cima e o baixo, nesta altura podemos desistir, afogar, podemos enfrentar, bater com os pés no fundo e impulsionar, passar a rebentação ou aproveitar as ondas em peso morto para nos empurrar até à praia… mas é preciso saber o que fazer, ter consciência que em cada onda ficamos mais cansados e que poderá vir uma que nos vira…

não vale a pena perder as ideias com os ses ocupando espaço para os depois, tudo podia ser diferente, pois podia, mas não é, o que pode ser diferente é o futuro e mal ou bem podemos ir decidindo a direcção a tomar

primeiro passo, deixar de estar fora do aquário